A Associação Americana de Pediatria (AAP) atualizou, após 15 anos, as suas recomendações para o tratamento de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade. Embora reforce que a terapia focada em mudança de estilo de vida seja a mais eficaz, admitiu pela primeira vez a possibilidade de intervenção combinada com medicamentos emagrecedores (a partir dos 8 anos) ou cirurgia metabólica e bariátrica (em casos de obesidade grave e pacientes com 13 anos ou mais).
O documento é divulgado no momento em que a obesidade, doença crônica, é considerada uma “epidemia”, agravada com o isolamento social imposto pela covid-19. Além disso, de acordo com a associação, os Estados Unidos têm ambiente “cada vez mais obesogênico”, que promove o comportamento sedentário e escolhas alimentares pouco saudáveis.
No Brasil, conforme a Pesquisa Nacional de Saúde 2019, a proporção de pessoas com obesidade na população adulta, entre 2003 e 2019, mais que dobrou, passando de 12,2% para 26,8%. Em 2022, o Ministério da Saúde informou que a obesidade infantil afetava 3,1 milhões de crianças menores de 10 anos no País; e o excesso de peso – 6,4 milhões.
“O Brasil curiosamente saltou da desnutrição para a obesidade. Não tivemos um intermediário”, diz Durval Damiani, chefe de Endocrinologia Pediátrica do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Alguns especialistas veem as novas recomendações com bons olhos e destacam que o plano valida opções já feitas pelos médicos, mas que sofriam resistência, na visão deles, por causa de estigmas. Outro ponto elogiado é o documento reconhecer a obesidade como doença multifatorial, não uma escolha; e, sobretudo, um desafio não de alguns médicos especialistas, mas de todos os que atendem o público jovem.
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